Relações ecológicas e classificação

As relações ecológicas são interações ocorridas entre indivíduos de uma mesma espécie ou de espécies distintas. Podem ser harmônicas ou desarmônicas, dependendo das consequências trazidas aos envolvidos. 

Classificação das relações ecológicas

As relações ecológicas são classificadas como relações intraespecíficas (ocorridas entre seres da mesma espécie) ou interespecíficas (entre indivíduos de espécies diferentes).

Podem ser harmônicas (ou positivas) ou desarmônicas, quando pelo menos um dos indivíduos é prejudicado.

Relação harmônica: traz benefícios a todos os envolvidos; ou traz benefício a um sem, contudo, causar prejuízo ao outro organismo envolvido na relação. É  também conhecida como positiva.

Relação desarmônica: causa algum prejuízo para algum dos envolvidos; é também conhecida como negativa.

Tipos de relações ecológicas

A seguir apresentamos as relações ecológicas e suas implicações aos organismos envolvidos.

Relações intraespecíficas

• Sociedade 

Em sociedade, as abelhas se dividem em castas. A rainha, os zangões e as operárias compõem a população da colmeia. As funções de cada indivíduo são bem definidas e executadas a fim de garantir a sobrevivência do grupo.

O princípio da organização em um formigueiro, que abriga entre 2 e 20 milhões de indivíduos, está na formiga-rainha. A rainha nasce por partenogênese. 

Na colônia, há também as castas formadas por soldados e operárias.  

A função da rainha resume-se a garantir a população e a sobrevivência do formigueiro. Extraordinariamente bem protegida no interior da colônia,

 a monarca vive por muitos anos.

Nesse tipo de relação, os indivíduos de uma mesma espécie vivem juntos, não estão ligados anatomicamente, e apresentam uma divisão de trabalhos entre eles. Tal tipo traz benefícios a todos os envolvidos, sendo classificado como relação harmônica e intraespecífica. São exemplos as sociedades das formigas, abelhas e cupins.

• Colônia

Nesse tipo de relação, os indivíduos de uma mesma espécie vivem juntos, no entanto, podem apresentar ou não divisão de trabalho. Nas colônias, os organismos estão unidos anatomicamente, de modo que parecem ser um único ser.Tal tipo traz benefícios a todos os envolvidos, sendo classificado também como relação harmônica. São exemplos os corais, as  caravelas (há divisão de trabalho) e colônia de bactérias (não há divisão de trabalho).

Os corais são exemplos de organismos cnidários unidos anatomicamente, a fim de formar colônias, que podem ser classificadas como isomorfas ou heteromorfas. 

• Competição

Nesse tipo de relação, os indivíduos de uma mesma espécies podem entrar em disputa por recursos que são limitados, como alimento, território e parceria para reprodução. A competição é uma relação desarmônica. Um exemplo dessa relação é a competição por território, que acontece entre alguns animais, por exemplo, aves. Uma forma que as aves utilizam para delimitar seu território é por meio do canto. Com este, elas sinalizam aos demais que aquele território está ocupado.

• Canibalismo

A fêmea da espécie Mantodea, conhecida por louva-a-deus, devora, após o acasalamento, o indivíduo macho, em um exemplo de canibalismo sexual.

Nesse tipo de relação, um indivíduo alimenta-se de outro da mesma espécie, assim, trata-se de uma relação desarmônica. O canibalismo ocorre, por exemplo, entre filhotes de tubarões de algumas espécies, como o tubarão-cinza, enquanto ainda estão no útero.

Relações interespecíficas

• Mutualismo

Nesse tipo de relação, indivíduos de espécies diferentes vivem associados, sendo dependentes ou não dessa associação. Nela os dois são beneficiados, sendo assim uma relação harmônica. Um exemplo de mutualismo obrigatório é a associação de algumas espécies de algas ou cianobactérias e fungos, formando líquens. As algas ou cianobactérias fazem fotossíntese e fornecem aos fungos a matéria orgânica produzida que servirá a eles como alimento. Já os fungos retêm água e sais minerais, além de conferirem certa proteção às algas.

As anêmonas oferecem proteção ao caranguejo-ermitão. A mesmo tempo, o crustáceo transporta a anêmona sob a sua concha para outros locais. A anêmona também pode se aproveitar dos restos de alimentos deixados pelo caranguejo-ermitão.

Um exemplo em que essa associação não é obrigatória ocorre entre o caranguejo-ermitão  e as anêmonas. Aquele vive dentro de conchas vazias, em que algumas destas fixam-se. Com o deslocamento do caranguejo, a área de alimentação da anêmona que vive fixa aumenta. Já esta confere proteção àquele afastando predadores, devido à presença de substâncias urticantes em seus tentáculos. Essa relação é também conhecida como protocooperação.

• Comensalismo

Nesse tipo de relação, apenas uma das espécies é beneficiada, no entanto, não causa prejuízo à outra. Essa relação é classificada como harmônica. Um exemplo de comensalismo ocorre entre o tubarão e a rêmora. Esta se fixa na superfície ventral daquele por meio de ventosas e assim é transportada (tal relação é também conhecida como inquilinismo), além de utilizar-se de restos alimentares do tubarão para sua alimentação

Um exemplo de comensalismo ocorre entre a rêmora e o tubarão. A rêmora é um peixe que consegue se fixar ao corpo do tubarão. Além de ser transportada por ele, a rêmora aproveita os restos de sua alimentação. O tubarão não é prejudicado pela presença da rêmora.

Um outro exemplo de comensalismo é a relação entre as plantas epífitas e outras espécies vegetais. Exemplos de epífitas são as orquídeas e bromélias, que vivem sobre o tronco de plantas maiores em florestas, utilizando-as apenas como suporte em busca de uma maior disponibilidade de luz. As epífitas mantêm uma relação de simbiose em que cada espécie contribui com a sobrevivência da outra. Essa relação é também conhecida como epifitismo.

• Amensalismo

Nesse tipo de relação, um indivíduo secreta substâncias que inibem ou impedem o desenvolvimento de outro. Essa é uma relação desarmônica, pois é prejudicial a um dos envolvidos. Um exemplo de amensalismo ocorre com alguns fungos que secretam substâncias que causam a morte de bactérias.

• Parasitismo

Nesse tipo de relação, um dos indivíduos (parasita) retira do organismo de outro  (hospedeiro) nutrientes para sua sobrevivência. Tal relação pode debilitar o indivíduo hospedeiro e até mesmo levá-lo à óbito. Trata-se de uma relação desarmônica. Um exemplo de parasitismo ocorre entre o ser humano (hospedeiro) e alguns vermes, como  a lombriga (parasita).

• Predação

Nesse tipo de relação, um indivíduo mata o de outra espécie para alimentar-se. Essa relação é classificada como desarmônica, já que apenas um indivíduo é beneficiado. Um exemplo de predação pode ser observado em leões que se alimentam de animais como a zebra.

Entre os leões (Panthera leo), os machos têm a função de proteger o território ocupado pela alcateia, suas fêmeas e suas crias. Esse é um dos motivos pelos quais as leoas são as encarregadas de conseguir alimento.

Tipos de predadores

Monófagos: consomem apenas um tipo de presa e tendem a passar muita fome, caso haja escassez do seu tipo de comida.

Polífagos: consomem diversos tipos de presas e vivem onde tem muita vegetação. São animais mais selvagens, que vivem em mata fechadas.

Oligófagos: consomem poucos tipos de presas.

Assista ao vídeo 

Algumas aves alimentam-se de carrapatos, aracnídeos ectoparasitas hematófagos, extremamente prejudiciais e transmissores de doenças, presentes na pele dos mamíferos. Veja como o gavião-carrapateiro retira o parasita preso ao couro do bovino e ainda garante sua alimentação. Tais relações ocorridas entre as espécies são exemplos de comensalismo e parasitismo.

Fonte bibliográfica

Canal Youtube - Porta da Natureza Relax. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l-ucsRNQn80. 

Site Biologia NET - Relações Ecológicas Interespecíficas. Disponível em: <https://www.biologianet.com/ecologia/relacoes-ecologicas> . Acesso em 12 de fev.2021. 

Site BRASIL ESCOLA. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/relacoes-ecologicas.htm. Acesso em 12 de fev.2021.