sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

A produção de vacinas

 

Principais técnicas empregadas na produção de vacinas

Vírus morto ou atenuado

Técnica amplamente utilizada em vacinas já aprovadas, como a vacina da gripe, por  exemplo. Por se tratar de método já conhecido, seus efeitos a longo prazo não  são desconhecidos pelos imunologistas, representando fator positivo para a produção de  novas vacinas.

Segundo dados da Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz), o procedimento consiste  em injetar vírus inativados por agentes químicos ou físicos no organismo, fazendo  com que o sistema imunológico identifique o invasor e produza defesas contra ele.  Assim, quando o corpo entrar em contato com o vírus ativo, não será infectado.

Uma variação famosa dessa tática é o uso do vírus atenuado. Neste caso, o vírus não  está completamente inativado. Ele está ativo, ou seja, sem capacidade de  desenvolver a doença. Algumas vacinas que usam esse método são as contra a febre  amarela e a poliomielite (oral).

Engenharia genética

Outro método utilizado atualmente é produzido através da engenharia genética. Ele  utiliza a informação genética de patógenos responsáveis pela codificação de  proteínas importantes para a prevenção, segundo informações da Fiocruz.

Essa técnica é usada em vacinas contra hepatite B e papilomavírus (HPV). O método que consiste na identificação de patógenos e codificação de proteínas está sendo empregado para o desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Covid-19.

Um dos empecilhos para a produção extensiva desse tipo de vacina é a dificuldade na produção em massa no Brasil, por ser uma tecnologia cara e avançada.

Novas técnicas e a Covid-19

Na busca por um imunizante contra o novo coronavírus, alguns novos  métodos de produção estão sendo testados.  A Moderna, farmacêutica norte-americana, está desenvolvendo uma vacina que induz a  imunização através da utilização do RNA mensageiro (mRNA).  

Apesar de ser uma tecnologia muito avançada, alguns empecilhos podem atrasar a chegada dela para a população geral. Nenhuma vacina aprovada para uso em seres  humanos anteriormente a utilizava. Além disso, a substância seria instável e precisaria de muitos cuidados e refrigeramento, dificultando seu acesso a regiões mais remotas.

Enquanto isso, a Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca  está testando uma tecnologia também inovadora, mas diferente da citada  anteriormente. Gustavo Cabral, imunologista formado em Oxford (Reino Unido) e Berna (Suíça), afirma que a estratégia utilizada fundamenta-se no 'adenovírus', obtido pela modificação do adenovírus do macaco,  acrescentando uma parte do vírus do corona, o SARS-CoV-2.  

Tal método já funcionou em vacinas feitas contra outros tipos de coronavírus, mas ainda não foram concluídos os estudos a respeito de seu impacto no organismo humano, na defesa contra o SARS-CoV-2.

Brasil no contexto mundial

Além de referência mundial em vacinação, o Brasil é autossuficiente na produção de  imunobiológicos, fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Ao todo, são mais de 36 mil salas de vacinação espalhadas por todo o país, onde são aplicadas 300 milhões de doses por ano. O país ainda exporta vacinas para mais de 70 nações.

O processo de produção de uma vacina é complexo e passa por diversas etapas, que podem durar meses. As pesquisas, por sua vez, levam mais de 10 anos para serem concluídas. Cada vacina tem um método diferente de criação, tudo vai depender da tecnologia necessária.

 As vacinas contra gripe e febre amarela têm como base o ovo

O planejamento para aos estágios de produção  da vacina contra o vírus Influenza, causador da gripe, são iniciados 18 meses antes da entrega da primeira dose e a fabricação leva cerca de 9 meses. Em 2019, a Divisão Bioindustrial do Instituto Butantan produziu 60 milhões de doses de vacina contra a gripe.

O processo de produção das vacinas contra gripe e febre amarela são parecidos. A segunda também é feita com ovo, mas o procedimento é mais longo e a vacina é atenuada, ou seja, o vírus dela encontra-se ativo. No entanto, não tem a capacidade de causar a  doença. No Brasil, apenas o laboratório Bio-Manguinhos da Fiocruz produz a vacina  contra a febre amarela, que é distribuída por todo o país pelo Ministério da Saúde.

Como as vacinas agem

Os microrganismos utilizados nas vacinas podem ser vírus, bactérias, protozoários ou fungos enfraquecidos, mortos ou em pedaços — fragmentados —, como é o caso do  vírus Influenza. Ao serem injetados no corpo, o sistema reage e manda glóbulos  brancos para atacar os “invasores”. A partir daí, criam a memória de como combater  essa ameaça. Caso entre em contato com a doença de verdade, o organismo já sabe  como reagir e nem chega a apresentar os sintomas.

As mutações do novo coronavírus

Ao sermos infectados por vírus, como a gripe, e por vacinas nosso corpo desencadeia a produção de anticorpos neutralizantes, os quais fazem parte do sistema imune e defendem o organismo do vírus invasor.

No caso da Covid-19, já foi igualmente demonstrado que a infecção leva à produção de anticorpos identificados no plasma de pessoas convalescentes dos sintomas da doença. A partir disso, medidas de intervenção fundamentadas na administração de vacina contendo anticorpos específicos, a fim de interromper a replicação e disseminação do vírus, vêm sendo adotadas e consideradas muito promissoras. 

Entretanto, sua eficácia pode ser comprometida por eventuais mutações do vírus capazes de dificultar seu reconhecimento pelo anticorpo empregado.

A estratégia empregada pelos pesquisadores, no intuito de investigar como se desenvolve a resistência viral aos anticorpos, consiste na produção em laboratório do chamado vírus quimérico, contendo mais de um vírus em sua composição, a fim de obter resposta celular que favoreça a produção de anticorpos de amplo espectro e permita identificar os mutantes da proteína Spike do vírus que escapam da defesa imunológica e da neutralização promovida pelos anticorpos.

Ao cultivar o vírus na presença de anticorpos neutralizantes, torna-se possível reconhecer as cepas virais produtoras de variações da proteína Spike que conferem resistência aos mesmos anticorpos. Os cientistas ressaltam que a combinação de diferentes anticorpos neutralizantes (“coquetéis”), cada um deles direcionado para uma parte diferente da proteína Spike, seria capaz de suplantar a capacidade de mutação do vírus, impedindo o desenvolvimento de resistência aos anticorpos neutralizantes.

Fonte:

CNN - BRASIL. Como funcionam as técnicas mais usadas na produção de vacinas contra a Covid-19. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/08/11/como-funcionam-as-tecnicas-mais-usadas-na-producao-de-vacinas-hoje> .

INSTITUTO BUTANTAN. Vacinas. Disponível em: <https://www.butantan.gov.br/soros-e-vacinas/vacinas>.


Aprenda sobre o desenvolvimento e fabricação de vacinas, nesse vídeo produzido pelo Canal Butantan

Conheça a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelas empresas farmacêuticas  Pfizer e BioNTech, que, segundo estudos, garante proteção de até 95%. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário